O Imperador, o Czar e a Nova Ordem Mundial

Na última semana, Rússia e China comemoraram o 70º aniversário de suas relações diplomáticas. O festejo foi instaurado na Rússia. O encontro dos dois líderes foi feito com clima de bastante animosidade e carinho. Putin levou Xi ao zoológico de Moscou para conhecer os novos pandas. Afagos não faltaram. De acordo com o mandatário russo, Xi Jinping é um de seus mais íntimos amigos. Diz Putin:

‘Presidente Xi Jinping, meu querido amigo, senhoras e senhores, estou muito satisfeito por receber o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, na Rússia. Esta visita de estado do presidente da China está ocorrendo num ano que marca uma data importante: o 70º aniversário das relações diplomáticas entre nossos países. Tenho o prazer de observar que as relações russo-chinesas atingiram um nível sem precedentes. Esta é uma parceria verdadeiramente abrangente e interação estratégica. O Sr. Xi Jinping e eu mantemos contato próximo. Regularmente trocamos visitas, conversamos à margem de eventos internacionais e prestamos muita atenção à cooperação russo-chinesa nas esferas política, econômica, humanitária e outras.”

Ainda de acordo com Putin, os dois países assinaram um pacote de documentos sobre a Declaração Conjunta e Desenvolvimento de Parcerias e Interações Estratégicas, sob a perspectiva duma Nova Era. É importante frisar que a China é a maior parceira comercial da Rússia. Em 2018, o comércio entre os dois países alcançou U$ 108 bilhões; cerca de U$ 22 bilhões em projetos estão em andamento; U$ 3,5 bilhões estão sendo investidos no Extremo Oriente da Rússia. Os mandatários também assinaram um acordo intergovernamental para expandir o uso de suas moedas nacionais, o yan e o rublo, a fim de  servirem de garantias no comércio bilateral e no mercado global. A Rússia é a maior fornecedora de petróleo da China. Em 2018, 67 milhões de toneladas de petróleo foram enviados ao país fronteiriço. Igualmente um gasoduto será instalado, até dezembro do ano presente, à rota oriental. O consumo de gás natural liquefeito foi elevado; acordos para o desenvolvimento pacífico de energia nuclear estão em voga, tais quais as construções de duas novas usinas na província de Xubadao, além dum reator com a participação da Rosatom. A Rússia também irá inaugurar uma fábrica chinesa, a Great Wall Motors, com capacidade de fabricar 80.000 veículos por ano.

Vladimir Putin reitera o acordo bilateral:

“Nossos planos incluem projetos de fabricação de aeronaves e helicópteros, exploração espacial, biotecnologia, produtos farmacêuticos e outras indústrias intensivas em conhecimento. Concordamos em manter anos de cooperação científica, técnica e de inovação entre russos e chineses em 2020 e 2021”.

Há mais esta: a possibilidade de criar-se uma parceria agrícola no território de Primorye, com um investimento de cerca de 10 bilhões de rublos. Acordos para o mercado de transportes também foram discutidos. Assim sendo, já existe planos para o desenvolvimento conjunto da Ferrovia Transiberiana, Baikal-Amur e Rota do Mar do Norte.

Finaliza Putin:

“Essa cooperação entre pessoas abrange muitas áreas. Festivais culturais e de cinema, educação, intercâmbio de jovens e esportes, bem como turismo recíproco, estão se desenvolvendo ativamente na Rússia e na China como parte de um programa de cooperação de três anos. No ano passado, a China viu cerca de 2,2 milhões de turistas russos. Por sua vez, mais de 1,7 milhão de turistas chineses visitaram nosso país. Acabei de compartilhar com meu amigo, o presidente Xi, uma história em que eu estava mudando de um prédio dentro do Kremlin de Moscou para outro e percebi que a maioria dos turistas na praça era da China. Nós podemos sair e acenar para eles”.

Vale lembrar que Xi Jinping completou seus 66 anos de existência enquanto convidado da Rússia. O anfitrião russo parabenizou o amigo com uma caixa de sorvetes apetitosos. Xi agradeceu a Putin referindo-se a ele como seu melhor amigo. É a 8ª visita à Rússia que o mandatário chinês realiza, desde 2013.

A China tornou-se um império graças ao parceiro norte-americano durante a Guerra Fria, quando a URSS deixou clara as intenções da China no confronte soviético-chinês, em 1969. Atualmente, as federações tornaram-se aliadas, abalando o poderio dos Estados Unidos. O eurasianismo está tomando forma. Para tal, criou-se o conceito dum Anel de Ouro de Grandes Poderes Multipolares, abrangendo países como a Turquia, Irã, Iraque e Paquistão, fazendo com que Rússia e China providenciem uma espécie de cinturão de estabilidade em seu Rimland no sul asiático.

A China com sua Nova Rota da Seda investiu U$ 373 milhões para a construção duma ponte sobre o rio Amur para unificar a província de Heilongjiang à cidade russa de Blagoveshchensk. Zbigniew Brzezinski, conselheiro da Segurança Nacional do governo Carter, em 2017, pouco antes de morrer, revelou que o pior cenário para os norte-americanos não seriam as guerras múltiplas, mas, sim, uma aliança entre China e Rússia, feita por queixas comuns. O Jornal Uol  fez um balanço sobre as relações dos dois países, desde 1961.

Em 1961, a China distancia-se da versão soviética do comunismo, após a morte de Stalin e com a ascensão de Nikita Khrushchov. Em 1969, inicia-se o conflito fronteiriço entre as duas potências. Em 1976, as tensões diminuem com a morte de Mao Tsé-Tung. Em 1992, Boris Yeltsin visita a China. Em 1998, uma diplomacia igualitária é ofertada pelas duas nações. Em 2001, um tratado é firmado para um trabalho de 20 anos de investimento. Em 2009, mais de 40 contratos são feitos com uma economia de U$ 3 bilhões. Em 2010, a oficialização do primeiro gasoduto entre os dois países. Em 2014-19, a hegemonia econômica de Putin e Xi.

Por GIGI

Fontes consultadas:

https://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2019/06/16/como-aproximacao-sem-precedentes-entre-russia-e-china-materializa-pesadelo-dos-eua.htm?fbclid=IwAR3gtcW5DuSOVSq0RBWRP78AwHVRKDv4nWp6NgrnXunZ3wZrMWyPM9jJnRA

Imagens: ALEXEY DRUZHININ/AFP/GETTY IMAGES/ Sputnik/AFP

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